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Caminho para se Tornar Piloto no Brasil: PP, PC, IFR e Multimotor

Muitos se perguntam: como se tornar piloto de avião? Se você está lendo este texto, já deve ter se perguntado, ou pelo menos teve curiosidade de entender o processo.

Tornar-se piloto no Brasil envolve etapas estruturadas de formação teórica, prática e avaliações oficiais sob regulamentação da ANAC (Agência Nacional de Aviação Civil). Entender esse processo é fundamental para planejar tempo, investimentos e expectativas.

O Primeiro Passo: Piloto Privado (PP)

A licença de Piloto Privado é a porta de entrada. Ela permite voar por lazer ou como proprietário de aeronave, sem remuneração.

Curso Teórico

Como todo novo projeto profissional, de início, é necessário dedicar-se ao aprendizado teórico relacionado ao tema. E digo mais: uma boa preparação teórica, com seriedade, disciplina e afinco são fundamentais para melhor aproveitar fase prática, uma vez que as situações ocorrem de forma muita rápida quando estamos em voo. Falaremos mais sobre isto no tópico da fase prática.

Esta fase é aquela pela qual o estudante adquire os conhecimentos mínimos para poder operar no ambiente aeronático com segurança e aproveitamento. Abrange matérias como:

  • Regulamentos de Tráfego Aéreo
  • Teoria de Voo
  • Meteorologia
  • Navegação Aérea
  • Conhecimentos Técnicos de Aeronaves

Ao final, realiza-se a banca ANAC, prova oficial que habilita a seguir para a etapa prática.

Um importante adendo é que não é necessário aguardar ser aprovado no exame da ANAC para iniciarem os voos práticos. Porém, para o primeiro voo solo, é condição imperiosa a aprovação na banca. Aconteceu comigo: Estava na metade do meu curso teórico de PP e já inicei a parte prática. Quando cheguei na missão referente ao primeiro voo solo já tinha terminado o curso teórico de PP e realizado a prova da ANAC (com êxito, graças a Deus!!!). Entretanto, isso vai de cada um.

Tenho amigos que iniciaram só depois do curso de PP teórico. Outros, terminaram toda a parte teórica de PP e PC para iniciar a parte prática. Então, verifique sempre os critérios exigidos pela ANAC e adapte o seu planejamento à sua realidade. O que mais importa é alcançar o objetivo.

Treinamento Prático

Arquivo pessoal do autor: Voo com o AB-115 (Aeroboero) para Ubatuba/SP

É nesta fase que o aspirante a aviador terá o contato empírico como piloto e sentirá o verdadeiro prazer em voar.

O aluno cumpre horas de voo com instrutor, incluindo:

  • Groundschool (estudo das principais caracterísiticas e limitações da aeronave que será pilotada e normas da escola/aeroclube)
  • Familiarização com os procedimentos de solo e Circuito de Tráfego
  • Manobras básicas e procedimentos de emergências
  • Navegações reais para outros aeródromos

É aqui que a preparação teórica fará boa diferença.

Como dito, as informações ocorrem de forma muito rápida quando estamos em voo. Tendo uma base teórica bem formada, o aluno conseguirá compreender o que fez de errado em um movimento ou procedimento, em uma comunicação com o órgão de controle, e poderá corrigir de uma forma mais efetiva.

Claro, a maior parte das vezes a gente não entende na hora, mas é para isto que se realiza o Briefing e o Debriefing, respectivamente, antes e depois de cada missão. São estes os momentos nos quais o INVA, em solo, antecipará tudo que será feito no voo que se seguirá, e, ao final da missão, fará as recomendações para que o aluno se aprimore.

Repasse Final e Check Inicial (PP)

Este é o primeiro momento (de muitos outros na carreira da aviação) pelo qual o aluno passará por um Instrutor Checador, Instrutor habilitado pela ANAC para realizar o exame de proficiência do aluno-piloto.

O Repasse Final é a última missão realizado pelo INVA da escola/aeroclube, e visa avaliar se o aluno tem condições de passar pelo Check ANAC. Pense como se fosse um simulado prático. O instrutor cobrará tudo que foi ministrado no curso: teoria, conhecimentos sobre a aeronave, manobras, pouso correto e seguro, procedimentos de emergência, entre outros.

Já para o Check Inicial PP, apesar de muito mistério, serão cobrados os mesmos conhecimentos e manobras que o aluno já teve contato durante o curso teórico e prático. Não que seja fácil manter o emocional 100% equilibrado, pois é um momento importante na vida do ser humano que almeja a carreira na aviação. Logo, natural sentir um pouco de ansiedade, um certo desconforto. Porém, sabendo que tudo que será cobrado já foi executado, fica um pouco mais fácil equilibrar o aspecto emocional.

Avançando na Carreira: Piloto Comercial (PC)

Aprovado na prova prática de PP, segue-se ao próximo passo, que é a formação em Piloto Comercial.

A licença de Piloto Comercial permite atuar profissionalmente.O treinamento é mais aprofundado e focado na tomada de decisão, navegação e segurança operacional.

O piloto desenvolverá habilidades como:

  • Planejamento de voo baseado em performance
  • Gerenciamento de cabine e comunicação padronizada
  • Operações em espaços aéreos controlados

É nesta Fase que o piloto-aluno se aprimorará e se forçará a executar os procedimentos com maior técnica e precisão, além de realizar navegações mais longas, o que exigirá um planejamento mais minucioso.

O aluno, aqui, realizará a maior parte das missões sob condições de voo visual (VFR), e poderá, ao final, escolher se realiza o Check de Piloto Comercial Monomotor VFR, ou se prossegue com as demais habilitações.

Habilitação IFR (Voo por Instrumentos)

Voo sob condições meteorológicas adversas – Utilização das Regras de Voo por Instrumento.

Após conclusão da parte visual do PC-VFR, uma das habilitações muito importantes é a sob as Regras de Voo por Instrumentos (IFR).

O Voo IFR permite operar em condições meteorológicas adversas, pelas quais seria impossível se realizar um voo visual. O Piloto-aluno aprende a navegar se baseando unicamente nos instrumentos e não pela referência visual. É uma etapa fundamental para a segurança e empregabilidade do piloto.

Habilitação Multimotor (MLTE)

A última habilitação a se tratar é a de Operação em Aviões Multimotores (MLTE). O treinamento em aeronaves com mais de um motor envolve, entre outros:

  • Procedimentos de emergência com pane de um ou ambos os motores.O treinamento em aeronaves com mais de um motor envolve:
  • Gerenciamento de assimetria de potência
  • Performance diferenciada

Esta habilitação é essencial para aqueles que desejam operar aeronaves maiores. Então, se este é seu objetivo, não se esqueça de colocá-la no seu planejamento.

Aeronave bimotora muito utilizada na fase de habilitação de multimotor.

Conclusão: Uma Formação Progressiva

A carreira de piloto é uma construção gradual, baseada em disciplina, estudo contínuo, prática guiada e, principalmente, respeito à segurança de voo, afinal, todos querem decolar e pousar em segurança. É como diz o jargão: a decolagem é opcional, mas o pouso é obrigatório.

Acima de tudo, trabalhar com uma mentalidade profissional desde o primeiro voo faz total diferença. Por mais que ocorram erros (e eles são inevitáveis e naturais no processo), com uma postura focada, o instrutor, desde o início, saberá que o aluno é esforçado e atuará com o objetivo de lapidá-lo, passo-a-passo, agindo com empatia, uma vez que também já passou pela fase do aprendizado. Então, a instrução tende a ser mais leve e proveitosa (ainda que seja necessário refazê-la). Se precisar refazer, refaça! Não veja como uma punição ou algo ruim, mas sim uma oportunidade de terminar sua formação na sua melhor forma.

A jornada do piloto é progressiva e depende de constância, prática orientada e estudo contínuo. Mais do que acumular horas de voo, trata-se de desenvolver consciência situacional, disciplina e compromisso com a segurança.

Assim, sigamos firmes no propósito, acreditando sempre na realização do sonho.

 

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